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Toda mágica tem limites

As operações da PF contra os políticos mostram que os desdobramentos da Lava Jato vão levar tensão para o governo Bolsonaro

O presidente eleito Jair Bolsonaro conseguiu a façanha de se apresentar na eleição presidencial como o candidato antissistema — “contra tudo isso que está aí” —, tendo sido ele próprio um integrante do sistema político por longevos 28 anos como deputado federal. Embora seja conhecido como o “capitão”, Bolsonaro passou mais tempo na Câmara dos Deputados, em sete mandatos, do que no Exército. Na política, ele fez carreira, construiu seu patrimônio e deu início à trajetória parlamentar de seus três filhos mais velhos.

Bolsonaro não era do alto clero da política — aquele que participa do loteamento de ministérios, empresas estatais e tem acesso a negócios propiciados pelo controle de cargos estratégicos na máquina pública federal. Mas o baixo clero da Câmara também tem direito a suas prebendas, como emendas ao Orçamento da União, a nomeação de funcionários para o gabinete e mordomias variadas, como imóvel funcional ou, se preferir, auxílio-moradia. Como integrante do baixo clero, Bolsonaro conseguiu, no entanto, convencer a maior parte do eleitorado de que ele não era parte do “mecanismo” e assim surfou na onda antissistema impulsionada pela Lava Jato e pelo aparato policial-judicial.

Esse aparato policial-judicial tem grande autonomia — garantida por lei — e uma dinâmica própria, que não vai parar com a troca de governo em Brasília. Ao contrário, com a ida de uma de suas estrelas, Sergio Moro, para um Ministério da Justiça revigorado com mais poderes, parece ter ganhado fôlego extra para continuar arremetendo contra o sistema político. Que o digam o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e os deputados da Assembléia Legislativa fluminense que viraram alvos de operações da Polícia Federal, após a eleição presidencial.

Desde que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) flagrou “movimentações financeiras atípicas” no valor de R$ 1,2 milhão feitas por um ex-motorista do filho Flavio Bolsonaro, ficou mais evidente a zona cinzenta em que o presidente eleito trafega, entre as promessas de quebrar o sistema e ter sido parte integrante dele, ainda que não fizesse parte da sua cúpula. O que foi revelado até agora não foi suficiente para tisnar a imagem do presidente eleito perante os eleitores que foram seduzidos pelo seu discurso de renovação da política. Mas as explicações tampouco foram satisfatórias.

Se o aparato policial-judicial continuar a atuar com o mesmo ímpeto com que vinha operando recentemente, os esclarecimentos do caso continuarão a ser buscados, independentemente da vontade ou não de Sergio Moro – agora, um ex-juiz. A Polícia Federal tem subordinação administrativa ao Ministério da Justiça. Mas, em casos como a Operação Furna da Onça, filhote da Lava Jato que prendeu deputados estaduais fluminenses e revelou a movimentação do ex-motorista de Flavio Bolsonaro, atua como polícia judiciária. Tem independência para investigar infrações penais.

Fonte: ISTO É

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