Telefone: 21 2215-7184

Boletim de Notícias

Fique por dentro de temas importantes sobre gestão de políticas públicas no estado do Rio de Janeiro.

Reforma em curso

Efeitos de mudanças na CLT são obscurecidos por conjuntura econômica e insegurança jurídica

É cedo para medir os efeitos da reforma trabalhista na geração de emprego

Em vigor há seis meses, a reforma da CLT continua cercada de dúvidas e controvérsias. Além do natural período de aprendizado para empresas e funcionários, há variações na interpretação da Justiça do Trabalho quanto a temas fundamentais, como o tratamento de contratos anteriores à mudança.

É cedo para medir os efeitos na geração de emprego. As novas modalidades de contrato —em tempo parcial e intermitente— ainda engatinham. Desde novembro, foram abertos apenas 26,5 mil postos sob o novo regramento.

Decerto que o ambiente econômico ainda não se mostra favorável. A retomada do crescimento caminha lentamente, e as projeções de alta do Produto Interno Bruto neste ano, que se aproximavam de 3%, têm caído nas últimas semanas.

Observa-se redução no número de ações. Segundo o Tribunal Superior do Trabalho, no primeiro bimestre deste ano foram recebidos 210,2 mil processos, queda de 45% ante o mesmo período de 2017. Em dezembro, contaram-se não mais de 85,4 mil, em razão das incertezas jurídicas iniciais.

Não se pode descartar, contudo, que a tentativa de reforçar a negociação coletiva e conferir maior flexibilidade aos contratos —objetivos sem dúvida desejáveis— gere reações contrárias e eleve os conflitos num primeiro momento.

Algumas federações patronais podem se valer da conjuntura de letargia do emprego e exagerar na ofensiva para reduzir custos.

Outra das principais alterações, o fim da contribuição sindical obrigatória deve produzir efeitos importantes e bem-vindos na conduta das entidades representativas de patrões e assalariados.

A queda da arrecadação do imposto no primeiro trimestre deste ano varia entre 80% e 90%, abarcando sindicatos, federações, confederações e centrais.

Sem financiamento fácil, todos precisarão reforçar sua representatividade nas bases. Hoje o número de sindicatos chega a 16,8 mil, a maior parte sem alicerces sociais ou ações relevantes, visando apenas o acesso fácil a recursos.

Daqui em diante, para que o reforço da negociação coletiva pretendido com a reforma celetista dê frutos, é necessário que tais agremiações se modernizem.

Reformas em sua estrutura sindical, como o fim da unicidade e da exigência de autorização prévia do Ministério do Trabalho, são necessárias para democratizar a representação e reduzir a tutela do Estado, em prol de um alinhamento com o interesse dos trabalhadores.

 

Fonte: Folha

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com