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Qual é o plano de Governo?

“É pau, é pedra, é o fim do caminho… é a morte… é o carro enguiçado, é a lama, é a lama”. Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência quando comparamos o cenário descrito por Tom Jobim na música Águas de Março com a tragédia de Petrópolis. A canção foi escrita em 1972 e expõe um fato: desde sempre é assim. Fui secretário de Ordem Pública e acompanhei de perto situações de emergência. Vamos ao roteiro do óbvio…

Todo ano tem verão. Todo verão tem chuva forte. Chuvas fortes castigam as cidades. Nas primeiras 24 horas, a imprensa vai se encarregar de expor o imbróglio: de quem é a responsabilidade? Ou, melhor, de quem é a culpa? As matérias iniciais vão alçar o Corpo de Bombeiros ao lugar dos heróis. Nas cenas dos próximos capítulos, o governador e o prefeito terão que explicar o porquê de terem investido menos que o previsto na prevenção de acidentes. Isso é de praxe.

Nesse caso em específico, o belo trabalho do Corpo de Bombeiros permitiu o resgate de 24 pessoas com vida. Alguns dos salvamentos foram transmitidos ao vivo pela TV. A audiência disparou. E a comentarista da GloboNews mostrou que não assiste o próprio canal: cobrou a presença do Governador Cláudio Castro no local. Acontece que ele já estava lá desde o primeiro momento. Sujo de lama, visivelmente cansado, explicou que o estado estava praticamente falido quando assumiu e que precisou fazer escolhas com o pouco orçamento que tinha. Convenceu quando mostrou que essa foi a maior chuva da história na Cidade Imperial e que estava fazendo tudo que era possível.

Passado o impacto das primeiras 24 horas… a tragédia vai ganhar contornos políticos. Vejam vocês que o prefeito Rubens Bomtempo recebeu até a visita do candidato Marcelo Freixo. A imprensa chegou a inventar que o Corpo de Bombeiros não tinha sequer equipamentos para trabalhar. O que foi devidamente desmentido pelo secretário da pasta, Coronel Leandro Monteiro. Outra maluquice que saiu na mídia foi que morreram mais mulheres do que homens. Será que a intenção era acusar São Pedro de machismo? Enfim …

Bem, a tragédia de Petrópolis não foi a primeira e, certamente, não será a última. Ela revelou que estamos cada vez mais vulneráveis em relação à “imprevisibilidade da previsão do tempo”. Mas do ponto de vista da narrativa política… mostrou um governo estadual mais maduro, que ainda não teve a oportunidade de desenvolver projetos, mas que tem coragem de dar a cara a tapa. As eleições estão no retrovisor. Chegou a hora de acrescentar um plano de governo nesse roteiro. E aí, parafraseando o maestro Tom Jobim, apresentar “promessa de vida pro seu coração”.

 

Por: Rodrigo Bethlem, Ex deputado e Consultor Político

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