O povo não é bobo

Todo poder emana do povo.

A ideia rege a nossa Constituição e a jovem democracia tupiniquim. Os pilares que dão base a nossa estrutura de Estado são os três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. A intenção é que eles sejam harmônicos e independentes, muito embora na prática não seja bem assim. Toda essa engrenagem seria “fiscalizada” pela imprensa, que acabou sendo alçada ao título de “Quarto Poder”. Mas o tempo passa, o tempo voa… e hoje em dia a fragilidade da mídia é evidente. Vocês já repararam que tanto Lula quanto Bolsonaro estão ignorando solenemente os jornalistas?

Pois bem, essa importante profissão precisa respeitar seis princípios: intenção de verdade, fidelidade aos fatos, isenção, direitos humanos, objetividade e relevância. Vamos combinar?
Isso se perdeu faz tempo. O que se vê nos noticiários são jogos de narrativa. Pior, não são poucos os casos em que a imprensa é instrumento de perseguição política. O que fica ainda mais sério quando a notícia direcionada parte diretamente de um dos três poderes instituídos.

Aí o que se percebe é um modus operandi para manchar reputações. Vazamento seletivo, “linchamento” público, condução de opinião… por vezes ainda não existe nem uma denúncia formalizada, mas os “inimigos da vez” serão culpados no tribunal do espetáculo midiático.

Como disse no início, nossa democracia é recente. Ainda estamos engatinhando no que diz respeito aos limites do Poder. E sem a “fiscalização” e a imparcialidade da imprensa a estrutura democrática fica em perigo. É urgente que as redações revejam suas linhas editoriais e voltem a ocupar o importante papel que têm na sociedade. Deixem a política para os políticos, a Justiça para os juízes…e sobretudo lembrem-se que o verdadeiro poder emana do povo. E o povo não é bobo.

 

Por: Rodrigo Bethlem, ex-deputado federal e consultor político

Fonte: Jornal Correio da Manhã