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Construção revela as dimensões da crise do Estado

É essencial a recuperação da capacidade de investimento do setor público, inclusive na construção

Os indicadores da construção relativos a 2017, divulgados há pouco pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afastam dúvidas que ainda possam subsistir quanto ao grau de enfraquecimento do Estado brasileiro, que perdeu notavelmente sua capacidade de realizar investimentos. Também o setor privado que atua na construção foi muito atingido pela recessão aguda de 2015/2016, mas ganhou importância comparativamente ao setor público.

Num período de 10 anos (2008 a 2017), a participação das obras de infraestrutura medida pelo valor das construções caiu de 47,4% para 32,2%, segundo a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic 2017) do IBGE. Em igual período, cresceu de 37,2% para 45,8% o peso da construção de edifícios e de 15,4% para 22% a participação dos serviços especializados. A participação do setor público medida pela geração do valor de obras caiu de 60,3% em 2008 para 52,4% em 2017.

A Paic 2017 retrata a situação dramática enfrentada pelo setor da construção e pelas empresas que nele atuam. A comparação não deve ser feita apenas no longo, mas também no curto prazo.

Entre 2016 e 2017, houve não só diminuição do número de empresas ativas, de 126.880 para 126.316, como da receita bruta gerada, de R$ 310,7 bilhões para R$ 280,9 bilhões. Trata-se de um recuo muito expressivo.

Como se trata de um setor que depende de vasta gama de fornecedores de bens e serviços públicos e privados, os reflexos de uma queda sobre a atividade econômica são amplos. O consumo de materiais de construção, por exemplo, recuou de R$ 58,2 bilhões para R$ 51,1 bilhões. Os gastos de pessoal caíram de R$ 84,2 bilhões para R$ 78,4 bilhões, mostrando os custos da crise para os trabalhadores, que perderam emprego e renda. Diminuíram comissões, despesas com propaganda, serviços de manutenção, entre outros. Um dos raros itens que mostraram crescimento foi o de impostos e taxas, de R$ 3,3 bilhões para R$ 3,6 bilhões, ou seja, o Fisco foi menos atingido pela crise.

É essencial a recuperação da capacidade de investimento do setor público, inclusive na construção. Ao contratar muita mão de obra, este segmento contribuirá para reduzir o desemprego, problema mais agudo da economia. O saneamento fiscal é condição para viabilizar uma retomada mais rápida e com mais emprego.

FONTE: Editorial Econômico, O Estado de S. Paulo
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