O samba atravessado da Covid-19
Estou longe de ser um alarmista. Desde o início da pandemia, falei muito contra esses seguidos lockdowns e fechamentos do comércio que foram feitos. Enfim, tudo isso que se mostrou absolutamente ineficaz, principalmente, numa cidade em que o transporte público vive abarrotado de gente, todos os dias.
Agora, fazer Carnaval, em fevereiro, aqui no Rio de Janeiro, é muito preocupante. O prefeito Eduardo Paes afirmou, recentemente, que o carnaval de 2022 ocorrerá, provavelmente, sem distanciamento ou medidas de restrição de público.
Imaginem o resultado disso? Só blocos na rua, tem uma previsão de mais de 500. Isso significa milhões e milhões de pessoas se amontoando nas ruas, se abraçando, se beijando.
Será que o que está acontecendo na Europa não é alerta? Com 60% dos novos casos mundiais de covid-19, a Europa voltou a ser o epicentro da doença, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o que levou alguns países a considerarem a reimposição de restrições no período que antecede o Natal.
Alguns países europeus com crescimento no número de casos têm índices de vacinação superiores aos do Brasil. Segundo a Fiocruz, o nosso país tem hoje cerca de 60% da população com esquema vacinal completo. Entretanto, países como Áustria, Lituânia e Alemanha, com percentuais maiores da população vacinada (63,7%, 65,2% e 67% respectivamente), vêm enfrentando um grande crescimento de internações, principalmente entre os não vacinados, e também no indicador de óbitos por milhão de habitantes.
E se aqui tiver uma nova onda de Covid, quem será responsável?
Prefeito Eduardo Paes, muito cuidado com essa liberação exacerbada! Depois, não adianta fechar comércio para dizer que está tomando providências, e gerar mais desemprego e recessão, principalmente para os mais pobres.
E no quesito Carnaval, vale ressaltar mais uma coisa: além de ser um grande risco de uma nova onda de Covid-19, a Prefeitura, ainda, vai dar dinheiro para as Escolas de Samba, o que é totalmente desnecessário. Afinal, para os desfiles há venda de ingressos, que, diga-se de passagem, são caros (o mais barato custa mais de 400 reais) e muitos patrocínios, inclusive a Rede Globo transmite o desfile , recebe milhões de patrocínio , e paga as escolas por isso .
Prefeito, use o dinheiro público na passarela da Saúde, da Educação e da conservação da Cidade.
Por: Rodrigo Bethlem