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Confiança para crescer

Essencial para o crescimento, a confiança está reaparecendo na indústria. É mais um sinal positivo para o futuro governo

A confiança para investir, essencial para o crescimento econômico, está reaparecendo na indústria, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). É mais um sinal positivo para o futuro governo, já beneficiado por duas heranças preciosas. Ao tomar posse no começo de janeiro, o novo presidente encontrará condições benignas no front da inflação, com preços em evolução moderada, expectativas favoráveis e possibilidade de juros baixos ainda por algum tempo. Do lado externo, encontrará um balanço de pagamentos bem ajustado, com sólido superávit no comércio de bens, transações correntes com déficit facilmente financiável e reservas cambiais em torno de US$ 380 bilhões. Sem grandes pressões nessas áreas vitais, a equipe de governo poderá dedicar-se principalmente ao problema das finanças públicas, mas também terá de dar atenção ao ritmo da atividade econômica.

A melhora dos negócios será facilitada, em 2019 e nos anos seguintes, se o investimento em capacidade produtiva se intensificar. Isso dependerá em boa parte do setor privado. Do lado industrial, as perspectivas parecem mais animadoras do que há alguns meses.

Segundo a pesquisa da FGV, a intenção de investimento na indústria subiu 4,4 pontos entre o terceiro e o quarto trimestres, para 117,4 pontos. É uma clara recuperação, depois de um tombo nos dois trimestres anteriores, atribuíveis principalmente à incerteza política e aos problemas causados pela interrupção, em maio, do transporte rodoviário. No período de janeiro a março o indicador havia atingido 123,7 pontos, o nível mais alto desde o fim de 2013, quando a pesquisa registrou a marca de 129,5.

Mas os números da FGV apontam outros detalhes muito bem-vindos. O indicador geral mostra a disseminação, entre as empresas, da disposição de investir. Além desse ponto, a sondagem também explora o grau de certeza dos consultados quanto à execução dos investimentos nos 12 meses seguintes. No quarto trimestre, 31% das empresas indicaram certeza quanto à execução do plano. A declaração de incerteza apareceu em 25,9% dos casos. As demais fontes, 43,1%, declararam-se “quase certas”.

A diferença de 5,1 pontos porcentuais entre a certeza e a incerteza é a maior desde o primeiro trimestre deste ano, quando a distância chegou a 14,2 pontos de porcentagem. No segundo trimestre o número das incertas (28,9%) superou o das certas (28,2%).

A disposição de investir voltou a disseminar-se depois de superada a incerteza eleitoral. Mas o indicador, além de continuar abaixo do nível do começo do ano, permanece bem distante daquele alcançado antes de 2014, quando se acelerou a crise da maior parte do setor industrial. Entre o terceiro trimestre de 2012 e o último de 2013, o indicador de intenção de investimento ficou em média em 130,7 pontos.

O investimento realizado em todos os tipos de atividade a partir de 2017, quando o País saiu da recessão, foi puxado quase exclusivamente pela compra de máquinas e equipamentos, porque a construção civil permaneceu estagnada até há pouco tempo. O descompasso entre as duas séries explica o recuo de 0,4% observado em outubro no indicador de investimento publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Em outubro, o valor investido em máquinas e equipamentos foi 0,7% superior ao de setembro, enquanto a soma destinada à construção civil diminuiu 0,6%. Apesar disso, no trimestre encerrado em outubro o indicador geral ficou 3,5% acima do registrado nos três meses até julho. A comparação de outubro deste ano com outubro de 2017 mostrou um avanço de 5%. Em 12 meses o crescimento foi de 4,2%.

Se o investimento produtivo continuar em alta, a expansão anual da economia poderá ultrapassar os 2,5% ainda estimados por muitos especialistas. Isso dependerá em boa parte da confiança dos dirigentes de empresas. Dependerá também da capacidade do governo de mobilizar capitais privados para desemperrar o investimento em infraestrutura. Mas a condição mais ampla de sucesso será a condução firme de uma clara política de reconstrução das contas públicas.

Fonte: ESTADÃO

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