Telefone: 21 2215-7184

Boletim de Notícias

Fique por dentro de temas importantes sobre gestão de políticas públicas no estado do Rio de Janeiro.

Água na fervura

BC resolveu intervir com mais vigor no mercado para combater os excessos especulativos

Depois de uma semana de forte desvalorização cambial, que levou a cotação do dólar ao nível mais alto em dois anos e contribuiu para a escalada dos juros no mercado, o Banco Central resolveu agir para acalmar os ânimos e evitar danos ainda maiores à recuperação já claudicante da economia.

A correção de rumos começou por uma revisão de sua própria conduta. Além de reforçar que suas decisões de política monetária têm como foco o cenário para a inflação e a atividade, sem uma ligação automática com a taxa de câmbio, o BC resolveu intervir com mais vigor no mercado para combater os excessos especulativos.

Para tanto, anunciou que passará a vender US$ 750 milhões ao dia por prazo indeterminado, o triplo do que vinha negociando, por meio dos chamados swaps —contratos cujos valores acompanham a variação do dólar, mas são liquidados em moeda nacional e permitem que os compradores se protejam dos riscos cambiais.

Não ocorre, portanto, venda física da divisa americana, o que reduziria as reservas da instituição, hoje em torno de US$ 380 bilhões. Entretanto atende-se a demanda de empresas e investidores temerosos de perder (ou deixar de ganhar) com a desvalorização do real.

Ao combinar intervenção direta no mercado e a mensagem de que acredita em projeções de inflação e juros baixos, o BC busca desfazer a impressão de que poderia elevar sua taxa para conter o dólar.

Faz sentido, de fato, separar as duas coisas. A Selic de 6,5% ao ano, menor patamar de sua história, se mostra adequada no contexto atual de desemprego ainda elevado e preços sob controle.

A ação da autoridade monetária não significa, é bom esclarecer, uma tentativa de administrar a taxa de câmbio. A moeda dos EUA se valoriza em todo o mundo, e não seria de esperar que o Brasil constituísse exceção; a desvalorização do real, acrescente-se, também pode ter impactos positivos —sobre as exportações, por exemplo.

O problema passa a existir quando há movimentos bruscos e intensos em excesso, como vinha ocorrendo nos últimos dias. O resultado, nesse caso, é instabilidade e deterioração das condições financeiras para famílias e empresas.

Não se trata de um risco que o Brasil possa correr. As projeções de crescimento econômico para este ano estão em queda —o próprio governo acaba de reduzir a sua de 3% para 2,5%. É a ameaça de piora adicional que agora, corretamente, se busca combater.

 

Fonte: FOLHA

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com